Hoje faz 10 anos da última edição do Brasileirão no mata-mata, do título do Santos e da geração Diego e Robinho. 10 anos sem final de Brasileirão, 10 anos sem o que muitos chamam de ‘’jogo marcante’’, 10 anos sem ‘’emoção’’.
Na última edição do Brasileirão antes dos pontos corridos, 26 equipes jogaram a primeira fase, em turno único. Os favoritos ao título eram São Paulo e Corinthians, pelo primeiro semestre realizado. Outros grandes corriam por fora, como Grêmio e Fluminense. Logo nas primeiras rodadas do Brasileirão, o São Paulo começou bem, mas sempre seguido de perto pelo surpreendente Juventude. Mas o time treinado por Osvaldo de Oliveira perdeu três jogos em curto espaço de tempo e viu o Juventude abrir 6 pontos. Após 13 partidas disputadas, o time treinado por Osvaldo tinha perdido rendimento e era apenas o nono colocado na tabela, fora da zona de classificação, após perder para o Atlético MG, em partida disputada no Morumbi. A ponta da tabela era dividida por Juventude e Coritiba, com 26 pontos.
Mas o time treinado por Osvaldo se acertou, emendou 10 vitórias e 2 empates nos jogos seguintes e terminou a primeira fase na liderança. O Juventude perdeu rendimento, mas ainda terminou em quarto lugar. O Coritiba despencou na reta final e com duas derrotas seguidas (Figueirense em casa e uma goleada para o lanterna Gama, fora), deu adeus ao mata-mata.
Foi também o único campeonato em que dois clubes dos chamados maiores do Brasil caíram ao mesmo tempo: Botafogo e Palmeiras fizeram campanhas horrorosas e foram rebaixados na última rodada, prolongando o sofrimento das suas torcidas até o fim. A Portuguesa completou o grupo dos rebaixados.
Para a próxima fase, esses foram os classificados: São Paulo, Corinthians, São Caetano, Juventude, Grêmio, Atlético MG, Fluminense e Santos, que arrancou na reta final e mesmo com uma derrota na última rodada, conseguiu a vaga. Os confrontos foram os seguintes: São Paulo x Santos, São Caetano x Fluminense, Corinthians x Atlético MG, Juventude x Grêmio.
Quartas de final – o surpreendente Santos elimina o São Paulo.
Os jogos de ida
Os quatro primeiros colocados jogavam o primeiro jogo fora de casa e por dois resultados iguais. Grêmio e Juventude empataram em 0x0 no Olímpico, deixando o confronto em aberto. Os outros três foram praticamente decididos nos jogos de ida. No Mineirão, o Corinthians fez 6×2 no Atlético MG, com show da dupla Deivid (4 gols) e Gil (2 gols). No Maracanã, Magno Alves saiu do banco para fazer dois gols no segundo tempo e colocar o Fluminense em larga vantagem. Roni completou o placar de 3×0. Mas foi em Santos que aconteceu a grande surpresa.
Como mostrado por nós nesse mesmo texto, o São Paulo estava há 12 jogos invicto no Brasileiro. No confronto na Vila Belmiro, Alberto abriu o placar aos 30 minutos do primeiro tempo, mas Kaká empatou no último lance da etapa inicial. Na volta para o segundo tempo, Robinho colocou o Santos em vantagem logo aos 6 minutos e Diego ampliou aos 20 do segundo tempo. O São Paulo perdeu por 2 gols de diferença e teve sua vida complicada na competição.
Atlético 2×6 Corinthians – Show de Deivid e Gil
Fluminense 3×0 São Caetano – Show de Magno Alves e Romário
Santos 3×1 São Paulo – Show de Diego e Robinho.
Os jogos da volta
Nos jogos da volta, um valente Grêmio venceu o Juventude no Alfredo Jaconi (1×0, gol de César), garantindo a vaga na semifinal. O Corinthians venceu o Galo novamente, fazendo 8×3 no agregado. O Fluminense foi ao Anacleto Campanella e perdeu por 2×0, ficando com a vaga.
No jogo no Morumbi, Luís Fabiano abriu o placar antes dos 5 minutos de jogo, dando esperança à torcida do São Paulo. Mas a equipe perdeu Reinaldo por contusão e a estratégia de Osvaldo de Oliveira ruiu. O Santos virou com gols de Léo e Diego, sacramentando a vaga para a semifinal.
Juventude 0x1 Grêmio
Semi final – Robinho brilha pelo Santos, Guilherme pelo Corinthians.
Jogos de Ida
As semifinais ficaram definidas com Santos x Grêmio e Fluminense x Corinthians. No primeiro jogo, o Santos meteu um sonoro 3×0 na equipe gremista, em tarde de Robinho e pesadelo de Polga. O defensor gremista (jogador de Copa do Mundo), foi humilhado por Robinho, em imagens que ainda hoje fazem parte dos ‘’melhores momentos’’ da carreira do ex-santista. Robinho fez um gol no jogo, foi diretamente responsável pela expulsão de Polga e viu Alberto fazer dois golaços. O ainda menino e camisa 7 fez uma obra de arte e fechou o placar. O goleiro Danrlei saiu do jogo reclamando da postura de Robinho, chegando a dizer que ”quebraria a perna de Robinho”.
No outro jogo, disputado no Maracanã, quem brilhou foi um veterano: aos 36 anos, Romário decidiu o jogo para o Fluminense, que bateu o Corinthians pelo placar mínimo.
Fluminense 1×0 Corinthians – Romário
Santos 3×0 Grêmio
Jogos da volta
Na volta, o Santos perdeu para o Grêmio por 1×0 e garantiu a vaga na final. Mas foi no outro confronto que a emoção esteve presente, com virada, sufoco e um herói.
Um Morumbi lotado viu o Fluminense abrir o placar, através de Roni. O Fluminense perdeu Romário por contusão, Gil empatou para o Corinthians, mas o time ainda precisava de pelo menos 1 gol. Foi então que brilhou a estrela de Guilherme, com 2 gols no segundo tempo, sacramentando a virada. Roni ainda diminuiu faltando pouco mais de 5 minutos para o fim do jogo, mas o Corinthians segurou a vantagem e a vaga na final.
Corinthians 3×2 Fluminense – Guilherme vira herói da Fiel
A grande final – as pedaladas que entraram para a história
Primeiro jogo
No primeiro jogo, o Santos venceu por 2×0, num jogo que se o Santos tivesse feito 5, seria justo. Com gols de Alberto e Renato, o Santos largou em boa vantagem na final.
Santos 2×0 Corinthians
O Segundo jogo
No jogo da volta, o Corinthians precisava vencer por 2 gols de diferença e teve sua vida ‘’facilitada’’ logo no começo da partida, quando Diego sentiu e saiu de campo logo no seu primeiro toque na bola. A equipe santista também não tinha Alberto, suspenso pelo terceiro amarelo. Sem Diego e Alberto, o Santos tinha apenas Robinho da equipe que havia brilhado nos confrontos anteriores. Mas quem tinha Robinho tinha tudo e o camisa 7 santista entortou Rogério nas históricas pedaladas e foi derrubado. Pênalti, que o próprio Robinho cobrou para abrir o placar. O primeiro tempo termina com a equipe santista em larga vantagem.

Robinho pedala pra cima de Rogério, antes do penal cometido pelo jogador do Corinthians.
Mas o Corinthians era uma grande equipe e no segundo tempo encurralou o Santos, transformando Fábio Costa no melhor jogador em campo. Até que Deivid empatou e Anderson virou, enlouquecendo o Morumbi e o sempre tranquilo Carlos Alberto Parreira que, da beira do gramado, gritava de forma desesperada a seguinte frase:’’Faltam 5 minutos, vamos que dá, faltam 5 minutos’’.
Mas o Santos tinha Robinho e, como já dissemos, quem tinha Robinho tinha tudo. Faltando 2 minutos para o fim do tempo regulamentar, o camisa 7 santista fez grande jogada pela direita e rolou para Elano empatar o jogo. E já nos acréscimos, Robinho fez um carnaval pelo lado esquerdo, escancarou a defesa santista e deu a bola para Léo, que se livrou de um marcador e encheu o pé, para sacramentar a vitória e o título do Santos.
Corinthians 2×3 Santos, show de Robinho

Robinho e Diego comemorando o título

Alberto, artilheiro da equipe no Brasileiro com 12 gols, sendo 4 no mata-mata.
O Santos de Diego e Robinho ficou eternizado como uma das equipes mais ‘’legais de se assistir’’ da história do futebol brasileiro e ao Corinthians restou a grande campanha no ano, quando venceram a Copa do Brasil, o Rio–São Paulo e chegaram à decisão do Brasileirão.
Parreira deixou a equipe para voltar à Seleção e o Corinthians foi mal em 2003. Já o Santos manteve Leão, chegou à final da Libertadores contra o Boca e foi vice do Brasileiro.
Mas isso é assunto para outro post.
Até a próxima!