Para analisar o 2012 do Coritiba, comecemos falando de 2011, ano em que o clube teve um primeiro semestre avassalador, com título estadual, recorde mundial de vitórias consecutivas (24) e a chegada à final da Copa do Brasil. Aí veio a primeira frustração, a queda para o Vasco. Faltou um gol. O segundo semestre foi de recuperação no Brasileiro. Após um início ruim, por manter o foco na reta final da Copa do Brasil, o Coxa conseguiu se recuperar e chegou à ultima rodada dependendo de suas próprias forças para voltar à Libertadores. E aí nova frustração: derrota para o rival Atlético, já rebaixado, e o sonho ruiu.
Pois bem, 2012 teve muitas semelhanças com 2011. O primeiro semestre novamente foi ótimo – não tão avassalador – e o segundo de recuperação. Porém um ano um pouco abaixo do anterior. Vejamos o porquê.
No estadual, o Coritiba manteve a hegemonia, conquistando o tricampeonato sobre o rival Atlético. Na Copa do Brasil, nova chegada à final. Na decisão, o sonho dos verdes do Paraná ruiu novamente. O carrasco da vez foi o Palmeiras. Título do adversário comemorado em um Couto Pereira lotado pela fantástica torcida, assim como no ano anterior.
Novamente por consequência da priorização da reta final da Copa do Brasil, o Coxa se viu na obrigação de se recuperar no Brasileirão, que havia sido deixado de lado. As dificuldades deste ano, porém, foram muito maiores. O prejuízo era grande e o elenco já não era tão qualificado. Peças importantes da temporada anterior como Davi, Leandro Donizete, Leonardo e Marcos Aurélio saíram e não houve reposição à altura. Keirrison, contratado para ser solução no ataque, chegou contundido e não entrou em campo em 2012.
O fantasma do rebaixamento rondou o Alto da Glória por várias rodadas, e simultaneamente veio a eliminação precoce na Copa Sul-americana, ainda na fase nacional diante do Grêmio. A diretoria se viu na necessidade de tomar uma atitude drástica, e assim a fez. Em setembro, após derrota de 3×0 para a Portuguesa em partida válida pela 22ª rodada, o treinador Marcelo Oliveira, que estava no clube desde o início de 2011, foi demitido. Minutos depois, o substituto foi anunciado: Marquinhos Santos , de 33 anos, um jovem que trabalhava com jovens. O ex-treinador da base da seleção brasileira (sub-15) e do próprio Coritiba teria Tcheco – ídolo que havia se aposentado após a final da Copa do Brasil – como auxiliar técnico.
A chegada do novo técnico deu ânimo ao time. Soma-se a isso uma boa armação tática de Marquinhos, e os resultados voltaram a aparecer. A campanha de Marquinhos no comando do clube na reta final do Brasileiro foi de 8 vitórias, 3 empates e 5 derrotas. O melhor momento foi uma sequência de quatro vitórias consecutivas entre as rodadas 28 e 31. Entre elas, a marcante vitória sobre o algoz Palmeiras em Araquara. O bom aproveitamento de 56% neste período fez com que o Coritiba terminasse em 13º na classificação final e afastou com sobras o fantasma do rebaixamento.
Tão importante quanto os resultados foi o futebol apresentado pelo time após a chegada de Marquinhos Santos. Uma equipe mais dinâmica, veloz, solta, de muita movimentação, especialmente no setor ofensivo, remetendo a uma nova volta ao ano anterior, ao time do primeiro semestre. O destaque desta “transformação” foi um atacante que, coincidentemente, veio praticamente junto com o novo treinador. Deivid andava desprestigiado no Flamengo, quando o Coritiba apareceu como oportunidade para um recomeço e ele aproveitou da melhor forma possível. Mesmo chegando após o meio do Brasileiro, Deivid acabou a competição como artilheiro do Coritiba com 8 gols, ao lado de Éverton Ribeiro, outro que voltou a apresentar bom futebol.
Com os ânimos acalmados, 2013 começou a ser projetado. Eis que, em outubro, um velho ídolo à casa torna. O meia Alex acerta sua volta ao clube de coração e se apresenta em uma linda festa no Couto Pereira. Promessa de bons tempos e esperanças que se renovam.
Por falar em renovação, as categorias de base do clube deram orgulho e encheram o torcedor de esperança. No início do ano, os juniores chegaram às semifinais da Taça São Paulo, melhor colocação da história na competição. Em maio, o sub-19 conseguiu o inédito título da Dallas Cup, com direito a vitória sobre o Manchester United na final. E no fim do ano, mais uma ótima campanha do sub-20, a chegada a mais uma semifinal, desta vez do campeonato brasileiro da categoria. E ainda teve a conquista da Copa Votorantim, esta da equipe sub-15.

Thiago Primão levanta a Dallas Cup: Base dá orgulho e esperança aos coxas-brancas
Foto: Site oficial do Coritiba
Thiago Primão, de 19 anos, grande destaque da base do Coxa, foi promovido aos profissionais, assim como Rafael Silva (20 anos) e Zé Rafael (19 anos). Despontaram como ótimas revelações e devem ter mais oportunidades no próximo ano, especialmente no estadual, que deve servir de laboratório para as competições nacionais, tratadas como prioridades pelo clube para 2013. Um exemplo do bom tratamento do clube a jogadores da base é o zagueiro Luccas Claro, que também atuou na base da seleção brasileira, e hoje é titular do Coxa. O presidente Vilson Ribeiro já declarou que deve deixar o paranaense um pouco “de lado” e dar atenção especial à Copa do Brasil, torneio que fugiu das mãos do clube por muito pouco nos últimos dois anos.
Porém, apesar de diversos jogadores especulados, até agora, além de Alex, o Coritiba só conta com a volta do angolano Geraldo como novidade para 2013. Para piorar, o bom lateral Ayrton acertou com o Palmeiras e outros nomes como Roberto e Eltinho devem deixar o clube. Em contrapartida, jogadores importantes como o goleiro Wanderley, os zagueiros Emerson – que volta de contusão – e Luccas Claro, os meias Rafinha e Everton Ribeiro, e o atacante Deivid, devem ser mantidos. Ótimo sinal de que a espinha dorsal será mantida. Além disso, o presidente já anunciou que vem procurando nomes para reforçar o setor defensivo. Dois laterais e um zagueiro, carências da equipe, devem chegar, mas não são descartados jogadores para outras posições.
Dias melhores virão? É o que a torcida espera, e a direção tem se esforçado para que aconteça. Este é o Coritiba Football Club, instituição que se recuperou de duas recentes quedas (2005 e 2009) e vem se consolidando com um claro planejamento a longo prazo e com objetivos claros traçados. 2013 promete!