Erros de arbitragem desviam o foco do real problema do futebol no estado do Paraná
Pênalti ou não, não interessa – o futebol paranaense urge por mudanças. A disputa do primeiro turno do estadual entre Londrina e Coritiba, no último domingo (03), foi marcada por polêmicas. A equipe do interior reclamou três penalidades não marcadas e o Coritiba confirmou a regularidade ao vencer a partida com um gol de Alex.

Alex marca e Coritiba é campeão do turno em jogo polêmico. Foto: Gazeta do Povo
Mais do que discutir a validade da escolha do árbitro, é necessário debater sobre a situação do futebol estadual. A pouca representatividade em cenário nacional sufoca os clubes do interior e os torna incapazes de se sustentar diante de equipes maiores. O campeonato desvalorizado somado à falta de iniciativas para promover os times têm como resultado o desinteresse do público já diminuto.
Se houve, de fato, erro da arbitragem, não foi exclusividade da última partida. Há anos o estadual fomenta polêmicas do tipo – o que aumenta a tese do problema na escola arbitrária. Nesta edição do torneio, por exemplo, o Paraná Clube já teve sérios problemas com o apito dos jogos.
Hoje, a acusação é de que a Federação favorece os times grandes, mas o dedo deveria apontar para o fato de que não existem incentivos reais aos clubes menores. No panorama atual, as equipes do interior, quando colocadas diante de situações como a de ontem, sempre parecerão prejudicadas.
As perspectivas do futebol local são negativas. Arapongas fechará as portas ao término do Paranaense; Cianorte corre risco semelhante, mesmo depois de “tocar a campainha” da Série C em 2012. Se o único vilão para tamanha desgraça fosse o juiz, a solução seria simples. O caso, entretanto, não é esse.
Para dar as caras no futebol nacional, o Londrina precisa, no mínimo, do vice-campeonato. A possibilidade do Atlético-PR entrar com o time titular na segunda fase do Paranaense assusta o Tubarão. O Coritiba, independente de qualquer fator da partida, foi premiado com o jogo constante – embora limitado – que apresentou no Estadual.
As mudanças necessárias no futebol paranaense vão além da arbitragem. Mesmo assim, parecemos estar longe do progresso. Discutir a validade da marcação do juiz (que tem milésimos de segundo para tomar decisões) não muda o fato de que o futebol no Paraná carece de organização. Aos trancos e barrancos, segue o campeonato na terra das araucárias.
Em tempo: na terça-feira (06), a Câmara Municipal de Londrina formalizou um requerimento, em regime de urgência, destinado à CBF, ao Ministério Público, à Federação Paranaense e ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Além de reconhecer o árbitro Felipe Gomes da Silva como persona non grata na cidade, o documento solicita a abertura de um procedimento para investigar os resultados de futebol no Paraná nos últimos cinco anos. Exagero?