Muricy Ramalho está de volta ao São Paulo. Para desespero de uns e alegria de muitos outros, o treinador aceitou retornar ao antigo clube logo após a confirmação da demissão de Paulo Autuori.
Como técnico, será a terceira passagem dele pelo Morumbi. Ex-auxiliar de Telê Santana e, depois, de Carlos Alberto Parreira, a primeira passagem como técnico efetivo do tricolor foi entre 1996 e 1997.
Em 1996, assumiu o time em crise, que acumulava cinco jogos sem vitória. Restando apenas seis jogos para o término da primeira fase, o time engatou uma seqüência de bons jogos, chegando na última rodada com chances de classificação para o mata-mata. Mas um empate contra o Paraná Clube fez com que o time terminasse na 10ª posição e fora dos play-offs.
Efetivado, Muricy começou o ano de 1997 esperançoso. Com a saída de medalhões, a diretoria naquele ano apostava em jogadores que foram formados no São Paulo. Entre eles, os jovens Denílson, Rogério e Bordón. Entre as novidades, Muricy determinou que Rogério seria o cobrador oficial de faltas do time. Apesar do bom começo na temporada, o treinador acabou substituído por Daryo Pereira depois de colecionar uma eliminação na Copa do Brasil, diante do Vitória, e uma seqüência de empates no campeonato Paulista. O derradeiro, em 3×3, contra o Guarani, no Morumbi.
Depois disso, Muricy passou por diversos clubes: Futebol Chinês, Guarani, Botafogo-SP, Portuguesa Santista… Até chegar ao Náutico em 2001 e enfim ter um trabalho reconhecido, sendo bicampeão estadual (2001/2002). Depois, ainda em 2002, Muricy aceitou o desafio de treinar o Figueirense. Com uma reação incrível, evitou o rebaixamento do clube catarinense e no ano seguinte voltou aos holofotes treinando o Inter, que vivia um momento delicado em sua história. Pelo Colorado, ganhou o Gaúchão de 2003 e fez boa campanha no Brasileirão, quando terminou na quinta posição. Em seguida chegou ao São Caetano, onde ganhou o Paulistão de 2004. Com a carreira consolidada como um dos grandes nomes entre os jovens treinadores, o técnico retornou ao Inter no fim de 2004. Em 2005, ganhou o Gauchão e levou a equipe de volta à Libertadores, no polêmico Campeonato Brasileiro daquele ano, que foi marcado pela “Máfia do Apito”.
Em 2006, retornou ao São Paulo, que era o atual campeão da Libertadores e do mundo, curiosamente substituindo também a Paulo Autuori. Durante três anos e meio, uma relação de amor e ódio com o clube. Três títulos brasileiros que elevaram o tricolor para ser o maior vencedor do país. Mas também existiram as traumáticas derrotas na Libertadores da América contra times brasileiros, além das derrotas nas semifinais do Paulistão. Isso fez com que o técnico ficasse rotulado como ótimo em pontos corridos e péssimo em mata-mata.
A relação se estendeu até a eliminação na Libertadores de 2009, quando o São Paulo foi eliminado pelo Cruzeiro com derrota em pleno Morumbi. O time ocupava a 17ª posição no início daquele Campeonato Brasileiro, portanto dentro da zona de rebaixamento.
De lá pra cá, São Paulo e Muricy traçaram rumos diferentes. O treinador fracassou no Palmeiras, mas foi campeão brasileiro no Fluminense e ganhou também dois títulos paulistas e uma Libertadores com o Santos. Já o São Paulo, no período, teve sete treinadores (Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, PC Carpeggiani, Adílson Batista, Emerson Leão, Ney Franco e Paulo Autuori) e apenas um título, o da Copa Sul-Americana, em 2012.
Podemos esperar, ainda em 2013, um time mais seguro na defesa e melhor postado em campo. Aliás, essas são as principais marcas dos times treinados por ele. Se vai ser o suficiente pra tirar o São Paulo da zona de rebaixamento, é esperar pra ver. A certeza é que, hoje, aqueles que criticavam o “Muricybol” estão implorando por aquelas vitórias improváveis de 1×0, com gol de cabeça após cobrança de escanteio. Se no triênio 06/07/08 isso era motivo de críticas, hoje certamente será um alívio para os torcedores que mais temem o rebaixamento.