Pela terceira vez desde fevereiro, Paris Saint-Germain e Olympique de Marseille se enfrentarão em terras francesas. Dos três duelos, este será o primeiro realizado no estádio Vélodrome, casa do OM. A partida deste domingo será válida pela 9ª rodada do Campeonato Francês e iniciará às 16h (horário de Brasília).
Apesar de ser um jogo sem larga história, é o maior duelo da França. Não à toa, a partida é conhecida na terra da Torre Eiffel como “Le Classique”, em referência ao “El Clásico” da Espanha (Real Madrid x Barcelona).
A rixa dentro de campo teve início nos anos 80, auge nos 90, e a estabilidade veio neste século. Mas nada disso seria possível sem entrevero geográfico. Muitas coisas boas da França ficam localizadas em Paris, logo isso atrai rejeição de outras cidades, e com Marseille, segunda maior cidade do país, não é diferente. O futebol foi a forma que os sulistas viram para superar a capital, afinal de contas, o OM, um dos clubes mais antigos da França, é também o mais vitorioso e único do país a conquistar a Liga dos Campeões.
Com a administração do Canal+ nos anos 90, o PSG mudou de patamar e pôde brigar de frente com o rival do Sul. Contudo não se estabilizou e acumulou anos de campanhas medianas até a chegada da Qatar Sports Investiments em 2011, o que contribuiu para acirrar a rivalidade entre as duas equipes.
Nesta temporada, os dois times são, ao lado do Monaco, os grandes favoritos ao título. O PSG trouxe o uruguaio Edinson Cavani e tornou seu ataque ainda mais forte, já o Marseille seguiu caminho parecido e reforçou seu setor ofensivo com Dimitri Payet, Florian Thauvin e Saber Khalifa.
Confira nos próximos parágrafos o que cada equipe preparou para Le Classique:
OLYMPIQUE DE MARSEILLE
O Marseille pode não ter o poder de investimentos de Paris Saint-Germain e Monaco, mas conseguiu se reforçar muito bem na última janela de transferências. A grande mudança foi no ataque. Anteriormente, Mathieu Valbuena, André-Pierre Gignac e André Ayew estavam sobrecarregados pelo alto número de jogos e com a ausência de reservas de bom nível, mas Dimitri Payet, Florian Thauvin e Saber Khalifa foram contratados e aumentaram as opções para o técnico Élie Baup.
Para os demais setores do plantel, chegaram o volante Gianni Imbula e o lateral-esquerdo Benjamin Mendy. O cabeça-de-área veio do Guingamp e tem mostrado muita personalidade ao assumir a titularidade, desbancando o experiente Benoit Cheyrou. Já o defensor é revelação do Le Havre (clube com reconhecida formação de atletas e que revelou Steve Mandanda, Dimtri Payet, Franck Tabanou e Paul Pogba) e é a esperança do Marseille para o futuro. Aos 19 anos, Mendy já faz sombra ao titular Jérémy Morel.
Porém, apesar dos inúmeros bons reforços, o Marseille tem demorado a encaixar. Após bom início (três vitórias seguidas e seis gols marcados), o OM teve setembro irregular. No citado mês, foram seis jogos (cinco pelo Campeonato Francês e um pela Liga dos Campeões), duas derrotas, dois empates e duas vitórias. Esses dados são um tanto quanto enganosos, já que o time do sul da França saiu de campo sem nenhum ponto em duas partidas em que deveria ter mostrado sua força: 1×2 Monaco, pela 4ª rodada do Campeonato Francês, e o mesmo placar diante do Arsenal, na rodada inicial da Liga dos Campeões. O mês de outubro também não começou muito bem para o Marseille com uma derrota acachapante por 3×0 para o Borussia Dortmund.
Esses resultados preocupam, principalmente porque o Marseille tem time para fazer frente a essas equipes, apesar de muitos dizerem que não. Talentos não faltam, conjunto também, falta mesmo é o “algo mais”, possivelmente a tão valorizada confiança. Falam tanto que o OM não pode encarar PSG e Monaco de igual para igual que isso passa para o elenco e a força psicológica acaba faltando.
Por isso, o jogo deste domingo também terá um fator motivacional para os marselheses. A equipe de Baup precisa se provar para a França e mostrar que tem valor. Para isso, o comandante do Marseille terá de volta o artilheiro André-Pierre Gignac, que esteve fora dos últimos três jogos.
Vale citar que o atacante tem algumas histórias para contar sobre Le Classique. Na temporada passada, ele foi o autor dos dois gols do OM no empate em 2×2 no primeiro turno, porém, no ano anterior ficou marcado por ter entrado no Parque dos Príncipes ouvindo os gritos “um Big Mac pro Gignac”. A frase entoada pela torcida parisiense fazia referência ao peso elevado do atacante, na época, marcando pouquíssimos gols.
O único desfalque marselhês pro jogo do domingo é o lesionado Jérémy Morel que acumulará seu quarto jogo fora. Com isso, Mendy participará do seu primeiro Le Classique.
O Marseille ocupa a 3ª colocação, com 17 pontos. Caso vença, deixa o PSG para trás na classificação, mas, ainda assim, permanecerá uma posição atrás do Monaco.
PARIS SAINT-GERMAIN
O PSG parece, enfim, ter encontrado sua melhor forma. Laurent Blanc abandonou o 4-4-2 usado por Carlo Ancelotti e utiliza o 4-3-3. O mais surpreendente disto tudo é que o esquema de Blanc conseguiu encaixar Edinson Cavani e Zlatan Ibrahimović, o que para muitos só seria possível no sistema do treinador italiano.
Na trinca ofensiva de Blanc (acrescenta-se Ezequiel Lavezzi), Cavani e Ibra sabem distribuir bem os espaços de ocupação. Teoricamente, o sueco é o homem de área, mas ele recua muito e faz o papel de armador diversas vezes. Quando isso acontece, cabe ao uruguaio fechar seu espaço na grande área e concluir em gol. Essa fórmula tem dado certo e seis dos 12 gols do Paris Saint-Germain no campeonato doméstico foram da dupla (quatro de Cavani e dois de Ibrahimović).
Além do letal par de ataque, outras peças foram mexidas por Blanc, a começar na lateral-direita, onde Christophe Jallet perdeu espaço para Gregory van der Wiel. O holandês, que decepcionou em sua temporada de estreia na França, se encontrou com o novo técnico e passou a apresentar o futebol que lhe deu destaque pela seleção holandesa. Sua grande participação tem sido no ataque e não tem comprometido defensivamente. O retorno de Jallet nem tem sido cogitado.
No meio-campo, como era esperado, Blanc escalou um “volantão”. Ancelotti optava por Verratti e Matuidi, jogadores mais técnicos. O novo treinador os manteve, mas acrescentou Thiago Motta na proteção à zaga. Tanto no Bordeaux, quanto na França, Blanc teve Alou Diarra como cão de guarda da defesa.
No ataque, Lucas perdeu espaço por sua própria incapacidade de se adaptar ao futebol francês. O brasileiro ainda mostra sérias dificuldades em recompor a marcação, enquanto no ataque não faz o que sempre fez de melhor: arrancadas em velocidade na direção da linha de fundo. Em Paris se tornou um jogador burocrático, de dribles esporádicos e sem objetividade. Por ser carismático, Lucas ainda tem o carinho da torcida local, diferente de Javier Pastore, que finalmente deixou o time titular (parte disso atribui-se a uma lesão, ressalte-se).
O PSG viajou para Marseille com um sério problema: Thiago Silva. O brasileiro se lesionou ainda na primeira etapa do jogo contra o Monaco, na 6ª rodada, e está fora desde então. Com isso, o compatriota Marquinhos ganhou espaço e chama a atenção por já ter três gols na temporada (dois na Liga dos Campeões e um no Campeonato Francês).
Jérémy Ménez é outro que estará fora (deixou o banco de reservas mais cedo na partida contra o Benfica e foi punido por isso), porém, é reserva e sua ausência não deverá mudar a cotação do dólar.
A favor da equipe da capital vem o retrospecto em 2013. Os parisienses deixaram o campo sem nenhum ponto apenas duas vezes este ano e o último revés foi no dia 2 de março, 2×1 diante do Stade de Reims. Desde então, foram 26 partidas, 17 triunfos e nove placares iguais. Além disso, o PSG não perde do maior rival desde novembro de 2011 ou cinco jogos. Porém, vale dizer que o Marseille não perde do Paris em casa desde 2008.
Os parisienses são os vice-líderes do Campeonato Francês, com 18 pontos. Caso vençam, igualam os 21 pontos do Monaco e precisarão passar no saldo de gols. No momento, vantagem monegasca, +11 a +8.