Fazer dupla com um dos melhores jogadores do mundo é um fardo pesado, que necessita de muito colhão. Aceitar sair de um clube, de um país e de um continente onde se é considerado o melhor, abaixar a cabeça, mesmo com toda paparicagem, e andar na linha é uma decisão difícil. Imagine você ter que passar por isso, ter que reverenciar aquele a seu lado e buscar a admiração de milhões em volta do globo, coisa que seu parceiro já tem.
A pressão em ingressar em um dos maiores clubes de futebol do mundo é gigantesca. Ao sair do Santos, Neymar se tornou pauta nos bares, escolas e pontos de ônibus. Seus vídeos no youtube bombaram e outros surgiram. Torcedores culés tentaram se enfeitiçar com a magia presente nos pés do brasileiro e sonharam com uma dupla à altura para seu maestro, Lionel Messi.

Foto: Reprodução – Com a formação da dupla de ataque, o Barcelona mescla sabiamente a experiência e a ousadia.
Em seu segundo ano com a camisa azul-grená e tendo o Camp Nou como casa, Neymar parece começar a engrenar. Não que não tenha sido importante e nem feito o dever de casa até agora. Porém, comparar sua situação na Seleção Brasileira ou no Santos com a vivida na cidade espanhola é inviável. Na Seleção, é referência; no Santos, ostentava o título de “O Craque”; no Barcelona, seu status é claramente diferente. Messi e Iniesta dão as cartas, são os menestréis da trupe. Neymar é titular, é decisivo e (por que não?) ídolo, mas não tem bagagem.
O argentino é prata da casa, cria da La Masia – a paixão dos torcedores – e, vestindo a camisa do Barcelona, conquistou seus títulos individuais e coletivos. Goleador, garçom e gênio, Messi dispensa comentários. Andrés Iniesta se encaixa no mesmo perfil: sempre figurou entre os melhores e vem mantendo sua boa forma por anos. Iniesta é muito mais garçom e chefe da casa que o companheiro das Américas, e também possui vital importância.
Com 21 gols anotados com a camisa do Barcelona, o atacante brasileiro firma-se ainda mais. Entrando no decorrer do jogo, Neymar marcou duas vezes contra o Athletic Bilbao neste sábado (13) e sacramentou a eficiência da dupla com o camisa 10 culé, que deu as duas assistências. O time comandado por Luis Enrique torna-se cada vez mais firme, evidenciando a reconstrução devido a temporada modesta de 2013.
O esquema adotado pelo time espanhol é diferente dos outros que Neymar foi experimentado, a liberdade de outrora agora é passado. O time do tiki-taka, por mais que não seja a referência que um dia já foi, é feito de toque de bola inteligente e paciente. A compactação das linhas é um fator importante, a proximidade com o colega é muito mais curta e exige muito mais raciocínio futebolístico. O Barcelona prova ser um vestibular tático e se sai melhor quem mais o estuda.

Foto: A Prancheta Tática – A visível compactação das linhas do time catalão em captura no amistoso válido contra o OG Nice.
O jovem brasileiro busca o status que os compatriotas Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho alcançaram com esforço. Ambos gênios da bola, encantaram as torcidas (tanto a barcelonista como as adversárias) e fizeram valer a pena seus anos de clube. Neymar é encanto, e seu poder é a inovação, a rapidez, o jeito moleque e ousado de trespassar o adversário. Ele precisa de seus momentos, precisa pedalar e dar caneta. Neymar já chegou onde muitos querem chegar, falta a ele alcançar o que muito poucos alcançaram.
Captura do amistoso: Créditos a Felipe de Faria, colaborador do blog A Prancheta Tática, do texto “Barcelona: Ano de reconstrução“
Foto de capa: Reprodução