Quando pensamos em histórias do futebol, nossa mente rapidamente viaja por grandes epopéias no gramado, viradas e ascensões meteóricas. É assim que acabamos esquecendo das nossas próprias histórias: cotidianas, apaixonadas e fortemente influenciadas pelo esporte.
Nick Hornby não deixa essas narrativas do dia-a-dia passarem em branco no livro que praticamente o revelou para o mundo da literatura: Febre de Bola (originalmente Fever Pitch). O escritor inglês conta diversos relatos cronológicos em que as fases, amores, personagens e desilusões da sua vida e do futebol se misturam; afinal de contas, sua vida é em grande parte o futebol.
Assim, dentre algumas paixões, o maior destaque amoroso da trama fica por conta relação entre o autor e seu Arsenal FC. As histórias envolvendo os dois têm início no começo da década de 60 com a infância do escritor, e passam por diversos temas que vão desde a violência e a modernização do futebol britânico até os efeitos do tempo e o início de uma carreira.
Hornby tem como característica deixar as histórias leves e contar qualquer narrativa de forma descontraída. Neste livro, ele consegue a façanha mais uma vez e ainda dá um toque ranzinza e verdadeiro ao texto, criando assim uma identificação instantânea com qualquer apaixonado por futebol.
Por esses traços literários, algumas das obras do autor acabaram virando filmes, exemplos disso são: “Alta Fidelidade” e “Um Grande Garoto”. Febre de Bola não foi diferente e ganhou sua adaptação em 1997 com direito a Colin Firth no papel principal, sendo mais uma boa indicação (apesar da minha predileção pelo livro). Não parou por aí, a história até ganhou versão de Hollywood, sendo adaptada para o beisebol e ganhando o nome no Brasil de “Amor em Jogo”.
Com tudo isso, o livro é um prato cheio para nós, que temos a oportunidade de acompanhar o crescimento quase simultâneo de Nick Hornby e de seu Arsenal. E, desse jeito, percebemos que no processo para ser um Doente por Futebol, a Febre de Bola é mais que bem-vinda.