O Barcelona é um clube acostumado a manter uma base sólida e irredutível durante quase todas as partidas de uma temporada, ou ao menos nas mais importantes. A tal história de saber escalar o time do goleiro ao ponta esquerda é prática fácil de ser realizada entre os torcedores de um clube, cuja filosofia transcende o campo de jogo. No entanto, a ausência de Lionel Messi, lesionado, além de provocar calafrios, também cria certo rebuliço em todo esse pragmatismo trajado de azul e grená.
No embate diante do Bayer Leverkusen, nesta terça-feira (29), válido pela segunda rodada da UEFA Champions League, Luis Enrique se viu obrigado a recorrer aos homens sentados no banco de reservas na tentativa de resolver uma situação delicada no Camp Nou. Para a surpresa de toda a comunidade envolvida ao futebol, incluindo os quase 70 mil culés presentes no estádio, as três peças lançadas ao gramado no decorrer da partida resolveram o cenário e deram os três pontos ao time catalão.

Foto: Divulgação Barcelona – Luis Enrique precisou recorrer ao banco de reservas para triunfar no Camp Nou.
O efeito do banco de reservas
Para tentar driblar a ausência de Lionel Messi, que ficará fora dos gramados por cerca de dois meses, Luis Enrique, num primeiro momento, optou por uma aposta caseira. Sandro Ramírez, 20, foi o escolhido para ocupar o espaço do argentino no campo, embora a responsabilidade tenha sido transferida para outros atores da equipe, que ocupavam diferentes setores da cancha.
A impressão dos 45 minutos iniciais de Ramírez foi parecida com a do resto do time. O Barcelona acabou castigado em virtude de um primeiro tempo insosso, sonolento e quase nada criativo. O futebol pobre e desprovido de organização e de ímpeto ofensivo assustou a todos e acabou refletido no placar do jogo. Aproveitando-se de um escanteio cobrado no primeiro pau, o grego Papadopoulos foi à rede e deu a vitória momentânea ao time de Leverkusen.
Apesar de tudo isso, Luis Enrique custou a acreditar na força de seu banco de reservas. Voltou do intervalo com o mesmo time e com a mesma desorganização tática observada na primeira etapa. Por ironia do destino, a primeira substituição só aconteceu por forças maiores, depois que Iniesta sentiu a coxa, dando lugar a Jordi Alba. Três minutos depois, foi a vez de Munir El Haddadi, na vaga de Ramírez, ingressar no gramado. A última tacada foi a entrada de Sergi Roberto no lugar do croata Rakitić.
A mudança de postura da equipe a partir das mudanças de peças foi notória. O desenho tático também mudou. Mathieu foi para a zaga, Mascherano avançou uma linha, Jordi Alba afunilou pelo lado esquerdo do campo, Sergio Busquets fez a guarda para que Sergi Roberto se infiltrasse nas linhas defensivas alemãs e o espanhol e filho de marroquino Munir teve total liberdade para agredir o ferrolho de Roger Schmidt.

Foto: Divulgação Barcelona – O retrato do primeiro gol catalão. Participação direta dos três homens que saíram do banco de reservas.
No minuto 80 da partida, a maior prova da qualidade dos suplentes. Sergi Roberto, que apareceu livre próximo a meia lua, deu a bola a Jordi Alba. Este avançou e cruzou para Munir concluir em cima de Leno. No rebote, gol do homem que iniciou a jogada e desmontou toda a segunda linha do adversário. Um minuto depois, Munir entortou dois oponentes antes de entregar a pelota para o Pistolero Luis Suárez. Bola no fundo do gol do Leverkusen.
Vitória heroica catalã. Mesmo sem encantar, como costuma fazer, o Barcelona foi letal no momento mais crucial da partida e conseguiu os três pontos sob a batuta de três homens que iniciaram o cotejo ofuscados por outros 22 que entraram em campo desde o primeiro minuto do jogo.