(por Lucas Martins do blog Dissecando Futebol)
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Apelidado de “Messi egípcio”, o ex-atleta do Basel consegue produzir – a partir de altíssimo entendimento do jogo e excelente explosão física – ações desequilibrantes imprevisíveis, com seu ótimo jogo de pernas (consegue carregar a bola de direita e de canhota), dribles em velocidade, bons passes e visão de jogo.
Foi assim na Suíça
É no Egito
https://www.youtube.com/watch?v=XtXg94hBgkk
Porém, por breve período, deixou de ser no Chelsea (muito por impaciência de Mourinho, é verdade).
Entendimento de jogo e poder cognitivo:
https://www.youtube.com/watch?v=Q0W-2sOtgPU
Entender o jogo é diferente de assimilar ideias: um pode ser feito por intuição e prática, enquanto outro simplesmente requer maior capacidade cognitiva e aplicação tática. Mesmo que seja possível se destacar em campo possuindo apenas uma destas qualidades, Salah conta com ambas.
Bastante estimulado por Vincenzo Montella, na Fiorentina viu-se um Salah hiperativo, se movimentando por toda faixa em busca de espaços – deixando os flancos para surgir entre as linhas rivais, por exemplo – a fim receber a bola em boas condições, oferecendo constantes apoios aos companheiros para seguir em frequente contato com a bola, para propiciar fluidez e ritmo alto aos ataques da Viola. Basicamente, houve extrema liberdade e Mohamed exibiu seu lado selvagem, intuitivo e goleador.
Se na Fiorentina, o egípcio tinha total liberdade para se movimentar e encontrar espaços em campo, em sua chegada na Roma, sob comando de Rudi Garcia, o contexto apresentou-se outro. Sem todo suporte para saídas de posição e impossibilitado de fazer o que lhe vem à cabeça, Salah está tendo movimentos mais limitados pelo esquema, mas continua gerando futebol aos montes.
Nas duas rodadas inaugurais da Serie A 2015-16, teve média de 6,5 dribles por duelo contra oponentes difíceis – Hellas Verona, que se defendeu absurdamente bem, e campeã Juventus.
Assimilando bem estes dois planejamentos distintos de Rudi, sem se mecanizar, Salah mostrou o quanto é mentalmente completo. Suas equipes agradecem.
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Desequilíbrios, a beleza popular do futebol:
https://www.youtube.com/watch?v=OdHftuKoqeQ
Ter alguém imprevisível, que cria situações e elimina marcadores com inigualável facilidade, nunca deixará de ser especial e utilíssimo. Craques podem descidir jogadas, partidas, campeonatos, apenas num lance de perícia e genialidade. Mohamed Salah pode até não ser “um Messi”, mas deixa no gramado sua cota de gols, assistências e desequilíbrios individuais. Seja em contragolpes, seja em ataques posicionais, ele é garantia de dribles e de criatividade, produzindo horrores ao pisar na intermediária do rival. Isto, sim, desde sempre.
Capacidade física – explosão em velocidade:
https://www.youtube.com/watch?v=MY379P9YroA
Em sprints, Mohamed é capaz de atingir velocidade máxima após pouquíssimos metros, e ainda consegue manter-se extremamente veloz por tantos outros. Além disso, mesmo participando bastante da partida durante todo jogo, Salah consegue armazenar energias para manter sua regularidade durante os 90 minutos, se preciso. Graças a seu alto poder explosivo, possibilita diversos desmarques verticais, visando romper as linhas de marcação oponentes – ou produtividade ao puxar contra-ataques. Muito por isto, ceder qualquer centímetro de espaço no campo ao africano tende a ser algo totalmente mortal.
https://www.youtube.com/watch?v=SgGYRswarxI
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O que esperar daqui para frente?

Integrando a seleção de jogadores com melhor média do Calcio – de acordo com critérios do whoscored.com – Salah tem demonstrado que tem futebol para jogar em grandes clubes.
Certamente, tudo o que foi dito acima. Mohamed Salah apresenta agradáveis índices nos quatro quesitos vitais para se jogar futebol: técnico, tático, físico e psicológico. Adaptável a distintos contextos – do rival ou de seu time – e decisivo, Salah é o típico futebolista que melhora conjuntos, oferece acréscimo qualitativo, mesmo que, no fim, acabe menos exaltado do que deveria. No ápice de seus 23 anos, claro que existem aspectos a evoluir (certas conduções de bola demasiadamente longas, por exemplo), porém são debilidades simples de se eliminar e que não diminuem em nada sua importância dentro de campo.
Mohamed Tarik Salah Ghaly é um excelente jogador e o orgulho de seu país, os egípcios possuem um líder de verdade – tanto nos quesitos técnicos quanto em personalidade. Em vez de ficarmos comparando-o a outros jogadores (como o fazem com Messi), devemos exaltá-lo pelo que ele é, por sua singularidade como profissional. Salah é o verdadeiro faraó do futebol egípcio, um terror para os adversários com a bola no pé, um líder nato dentro de campo.