Sim, o Brasil de Dunga jogou bem!
Mas antes de entrarmos numa espiral de otimismo infrutífera, é importante levarmos vários fatores em consideração, como a fragilidade do adversário e até mesmo o anímico do time, que se elevou após dias de crítica e desconfiança. Coisas boas surgiram, mas ideias ruins se mantiveram. Parece que, mesmo com Neymar de volta, a seleção vai oscilar bastante – embora, acredito, não deva ter dificuldade para chegar ao Mundial da Rússia em 2018.
Mudanças em relação ao jogo do Chile
Três jogadores mudaram em relação ao time que perdeu para o Chile: Alisson substituiu Jefferson, Filipe Luís entrou no lugar de Marcelo e Ricardo Oliveira ocupou a vaga de Hulk. Também houve mudanças táticas, como volantes mais soltos, pressão alta e intensidade diagonal, com pontas invertendo lados.
Apenas 36 segundos foram necessários para Willian aproveitar a marcação adiantada e fuzilar na diagonal pela direita.
https://www.youtube.com/watch?v=0e3zDxd5oYA
O gol deixaria o jogo, ao menos em tese, mais tranquilo para o Brasil, já que a pressão externa diminuiria e o time poderia ter paciência para furar a defesa venezuelana. Porém, os visitantes não se fecharam como esperado, apostando no jogo aéreo, partindo da direita com Rosales e Vargas e buscando Rondon na referência.
Ao todo, a Venezuela conseguiu 9 levantamentos com apenas 1 acerto no primeiro tempo, além três finalizações, todas erradas. Além disso, nos 45 minutos iniciais, a seleção “vinotinto” teve apenas 35% de posse de bola. Com amplo domínio, o time de Dunga finalizou 7 vezes, com 3 acertos.
https://www.youtube.com/watch?v=UvMMqxqGs5Y
Willian voltaria a marcar, em jogada de Filipe Luís com lindo corta-luz de Oscar.
Embora tenham ocorrido melhoras, alguns “defeitos” da era Dunga continuaram, como a saída de bola ruim, que não flui por dentro. Isso acontece porque os volantes estão distantes dos homens de lado, então a armação do jogo se baseia sempre em bolas viradas (7 ao longo do jogo, 6 certas) ou lançamentos em busca dos homens de velocidade (24 tentativas, 9 acertos).
Brasil sofrendo pelo alto
Noel Sanvicente mudou o time em busca do gol. Trouxe Figueira para o lugar de Guerra, adiantou Seijas e fechou o centro com Rincon, além dar a Murillo a vaga de Vargas. Com “novos” pontas, a Venezuela partiu para a pressão com bolas altas. Após dois duelos vencidos em cobranças de escanteio que fizeram Alisson trabalhar, veio o gol de cabeça de Christian Santos.
https://youtu.be/UjhsawTnSPw?t=2m55s
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Lucas Lima pede passagem:
Depois do gol adversário, Lucas Lima ganhou a vaga de Oscar, dando outra dinâmica ao meio-campo brasileiro (até então, o time era muito efetivo pelos lados, mas criava pouco pela faixa central). Com um jogador capaz de criar linhas de passe com volantes e pontas em campo, Ricardo Oliveira, como típico nove, marcou o terceiro após cruzamento de Douglas Costa.

Movimentação com Lucas Lima.
Assim como no segundo tempo contra o Chile, Dunga prendeu a linha de quatro e os volantes, com os quatro da frente “livres” para contra-atacar, deixando pouca gente para aproveitar as chances ou dar mais volume à posse. No fim, a Seleção Brasileira conseguiu 16 finalizações, 6 certas, tendo 64% de posse de bola e realizando 420 passes certos (94% do total).
Ainda deu tempo de Kaká e Hulk entrarem, com o camisa dez centralizado no ataque e o atacante aberto pela esquerda. Os grande ídolo (Kaká) e o craque local (Hulk) causaram frisson na torcida.
Entre erros e acertos, o Brasil fez um bom jogo. Contudo, trabalho e, principalmente, mudanças de conceito ainda se fazem necessários.