Dos cinco brasileiros que começaram a Libertadores, apenas um chegará à semifinal. E o duelo que levará o solitário brazuca adiante promete ser o mais interessante desta fase da competição continental

foto: Bruno Cantini/Atlético MG
Caminhos diferentes trouxeram São Paulo e Atlético Mineiro às quartas de final. Enquanto o Tricolor precisou se construir durante o torneio, o Galo desde o início jogou com a responsabilidade de ser considerado o time mais forte do país, herdando tal título após o desmanche do Corinthians no final do ano passado.
Por coincidência (ou não), ambos são dirigidos por técnicos estrangeiros contratados no início desta temporada. O argentino Bauza, bicampeão da Libertadores com LDU e San Lorenzo, chegou com a missão de reconstruir o time do Morumbi. Já o uruguaio Aguirre, que levou o Internacional à semifinal sulamericana no ano passado, herdou um time bem montado, mas nem por isso deixou de colocar a sua marca.
O esquema tático de ambos é parecido, baseado no 4-2-3-1. Os dois buscam compactar a equipe e têm na qualidade do passe uma importante arma. Enquanto o São Paulo é o melhor passador da Libertadores (3429 passes), o Atlético tem a quarta melhor marca (3084 passes) e o melhor passador: Rafael Carioca, com 460 passes certos na competição.
Carioca tem importante função tática no Galo. É o principal articulador na transição entre a defesa e o ataque, o responsável por ditar o ritmo no meio campo.
Ganso, por sua vez, é o dono do meio campo são-paulino. Em grande fase, talvez viva o seu melhor momento desde a grave lesão no joelho esquerdo, sofrida em agosto de 2010. Com liberdade para se movimentar, é o terceiro jogador que mais deu passes para oportunidades de gol nesta Libertadores, com 21 assistências.
O São Paulo é um time com boa criação ofensiva. Aposta em triangulações e em um jogo com muita intensidade. Foi assim que massacrou Trujillanos e Toluca no Morumbi. Não por acaso é a equipe que mais criou oportunidades de gol, com 123 assistências (média de 15,37 por partida), e tem o artilheiro da competição. Calleri caiu como uma luva no esquema tricolor, marcando oito gols em seis partidas.
A derrota para o The Strongest, no Pacaembu, logo na estreia da Libertadores, e as más atuações no Paulistão colocaram em cheque a capacidade do São Paulo ir longe na Libertadores, mas o time de Bauza mostrou ter a capacidade de crescer nos momentos de pressão. Foi assim nos duelos contra o River Plate e em La Paz, novamente diante do Strongest. Os tricolores criaram sua personalidade como equipe durante o torneio.
https://www.youtube.com/watch?v=iXABGdO6BIc
Por outro lado ainda pesa o fato de não ter vencido longe do Morumbi. Foram três empates e uma derrota. Algo que pode atrapalhar no confronto contra o Galo, que saiu vitorioso nos quatro jogos realizados em Belo Horizonte, marcando 10 gols e sofrendo apenas um. Assim como no título de 2013, o fator campo faz a diferença para os atleticanos.
Se por um lado o time mineiro não apresenta a mesma força ofensiva dos últimos anos, é claramente uma equipe mais equilibrada e compacta. Tanto que sofreu apenas cinco gols em oito jogos, desempenho superado apenas pelo Atlético Nacional, da Colômbia, vazado só em duas oportunidades, ambas no último jogo, diante do Huracán.
https://www.youtube.com/watch?v=aJmzeNATgtk
Um confronto desse nível poderia muito bem acontecer mais à frente, na semifinal ou até mesmo na grande final. Quis o destino que eles se encontrassem agora. Cabe a nós, doentes por futebol, saborear este embate…