“Cabeça fria, coração quente”

Resiliência – capacidade de lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão. Se existe uma palavra ideal para definir o Palmeiras de Abel Ferreira, eis aqui ela. A noite de quarta-feira, dia 03 de julho, no Mineirão, nos apresentou, mais uma vez, as virtudes do atual bicampeão sul-americano, que de maneira até surpreendente, levou um resultado gigantesco para São Paulo.

A rivalidade recente construída entre Atlético-MG e Palmeiras tinha novo capítulo em Belo Horizonte. Jogo de Copa, válido pelas quartas de final da Libertadores, torneio mais importante da América do Sul. Um confronto que não só botava frente a frente duas das grandes potências hoje do futebol brasileiro, como também contava com uma pitada de revanche por parte do lado alvinegro, já que, ano passado, o Verdão levou a melhor em cima do Galo, nas semifinais da Liberta.

Vindo de duas derrotas consecutivas pelo Brasileirão, o primeiro tempo realizado pelo Atlético fazia parecer que a fase turbulenta iria embora naquela noite. Intenso e dinâmico, o Galo deixava o Palmeiras acuado, e criava chances uma após a outra. Após 15 finalizações em 45 minutos, o gol de pênalti de Hulk (o 60º com a camisa alvinegra) deixava o placar justo e premiava a superioridade do time de Cuca até aquele momento no jogo. Na volta para o segundo tempo, logo aos 2’ Murilo anotou contra. 2 a 0 Galo, e um cenário que, para a maioria dos times, seria de desespero. Não para o Palmeiras.

Diante de um Mineirão lotado, com quase 60 mil vozes contra, diante de um adversário extremamente qualificado e um placar de 2 a 0 para o rival, perder a cabeça seria um comportamento natural. Mas, Abel Ferreira era muito claro quando fazia o sinal para seus jogadores colocando as mãos na cabeça. Era hora de botar a bola no chão e não perder a concentração. Em uma das poucas chegadas da equipe paulista, Veiga sofreu falta na entrada da área. Scarpa, que indubitavelmente é o grande nome do Palmeiras no momento, chutou no travessão. No rebote, Murilo – que fez o gol contra- descontou.

O gol do Palmeiras literalmente inverteu a balança da partida. O Galo e sua torcida sentiram o baque, e o Verdão cresceu ainda mais no jogo. Nos acréscimos, a bola parada de Scarpa novamente foi fatal, e Danilo empatou. De um cenário quase desastroso para um resultado enorme, o Palmeiras deu mais uma prova de seu equilíbrio mental dentro de campo. 20 jogos consecutivos fora de casa pela Libertadores sem derrota. A maior sequência da história do torneio. Obviamente, não dá pra cravar uma classificação, já que do outro lado há um adversário que pode sim dar uma resposta em São Paulo. Mas há de se destacar: O europeu Abel Ferreira, já bicampeão continental, vem dando aula de como se jogar o maior torneio da América do Sul.

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