Calvário Vascaíno

Difícil encontrar um time esta temporada que tenha feito seu torcedor sofrer tanto quanto fez o Vasco. O jogo da última quinta-feira, entre Vasco e Sampaio Corrêa, em partida decisiva na série B, foi mais uma prova do quanto o time carioca tem desrespeitado sua torcida em 2022. Um cenário que tinha todos os artifícios para o torcedor vascaíno sair aliviado e feliz de São Januário, afinal, o Vasco era o único time da competição invicto em casa. O Sampaio, por outro lado, em 37 jogos, havia conquistado apenas uma vitória longe do Maranhão. O triunfo da equipe nordestina, com gol aos 55 minutos do segundo tempo transformou um ambiente que era de festa no que mais parecia clima de velório.

A dura derrota para a Querida Bolívia deixa o Vasco (novamente) numa situação de apreensão. Precisa torcer agora para que o Ituano não vença o Londrina, nesta sexta-feira, fora de casa. Caso este cenário não se concretize e os paulistas consigam o triunfo, a vida do Vasco será decidida na última rodada, em Itu, justamente contra o Ituano. Mais um teste cardíaco para a apaixonada, porém sofrida, torcida vascaína, que em 2016 viveu episódio parecido, quando o Gigante da Colina também definiu seu destino na série B no último jogo, contra o Ceará. Coincidência ou não, naquele ano o Vasco também tinha Jorginho como treinador, e o final foi feliz para a equipe carioca. Pequenos detalhes, que de alguma forma, servem para alimentar a esperança alvinegra.

Para o leitor que esteja acompanhando este texto, pode até ser que o Vasco suba, ou até que já tenha subido. Um simples empate entre Londrina e Ituano garante a volta do time carioca à série A. Porém, a reflexão que fica é algo maior do que a segunda divisão de altos e baixos protagonizada pelo Time da Colina. Uma temporada na qual por praticamente um turno inteiro, antes da chegada de Jorginho, em sua terceira passagem, quem estava na beira do campo comandando o time não era um técnico, e sim um auxiliar. Uma equipe que ficou 8 rodadas consecutivas fora de casa sem conseguir um ponto sequer. Em São Januário, numa partida em que dependia somente dele para ter um resto de ano tranquilo, falhou. Retrato do ano vascaíno.

Já foi dito acima, e reitero: o Vasco pode até subir. Porém, o calvário que o torcedor vascaíno carrega desde a última década, dá a impressão de ser eterno. Para os que não se recordam, o Vasco da Gama é gigante. Dono de uma história linda, campeão brasileiro, campeão de Libertadores, e que já deu muitas alegrias à sua gigantesca torcida. Infelizmente sofre até hoje com as consequências de gestões corruptas e coronelistas, que tendem a acabar com a chegada da SAF. Se o acesso vier, o elenco merece sim ser parabenizado, mas não mais do que o torcedor cruz-maltino, que apesar do sofrimento, carregou o time nas costas a temporada inteira, como foi em toda a história alvinegra. O lugar do Vasco é na série A. Que suba e aprenda isso de uma vez por todas.

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