Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.
Às vezes, pode-se comparar o futebol a uma roda gigante. Em alguns momentos, está-se no topo, em outros, na parte mais baixa. São ciclos, como acontece em tudo na vida. Porém, além das fases, existe algo que não há como descartar: hierarquia. E, se tem algo que a seleção brasileira vem conseguindo cada vez mais camuflar, é seu status de maior seleção do mundo.
A derrota vexatória sofrida pelo Brasil contra a seleção de Senegal, por 4 a 2, é mais uma que marca o início de um período pós-Copa preocupante. O Brasil hoje é uma seleção apática, sem perspectiva e comandada por uma entidade que optou por colocar no cargo de treinador principal da seleção Ramon Menezes, que foi incapaz de fazer um bom trabalho sequer no time sub-20, eliminado no mundial pela seleção de Israel.
Por um lado, acertar com Carlo Ancelotti sem dúvida nenhuma é um passo otimista. Afinal, o italiano é treinador do Real Madrid, maior time do planeta, e tem talvez o currículo mais invejável do mundo. Um nome gigantesco no futebol, que certamente tem a competência e o profissionalismo de levar a seleção brasileira aos tempos áureos novamente. Contudo, também é uma atitude ousada, afinal será apenas a quarta vez na história que o Brasil terá em seu comando um técnico estrangeiro.
Tão necessário quanto criticar o órgão que rege nossa seleção, é reforçar o óbvio em relação aos atletas que temos. A seleção brasileira de futebol continua sendo dependente de Neymar. Isso é inegável. Sem o camisa 10, não existe criatividade, organização ou liderança. E, em caso de realmente termos que esperar mais 1 ano para a chegada de Ancelotti, a estrada para a Copa de 2026, mesmo com toda a capacidade do italiano, será esburacada.
É preciso entender que, para ser campeão do mundo, não basta apenas viajar, chegar ao Mundial e tentar vencer. Existe um ciclo, um trabalho, que começa desde os amistosos até as eliminatórias antes da próxima Copa. E a CBF parece ignorar esse processo. Tudo isso compactua para que nós, torcedores e amantes do futebol, percamos cada vez mais o brilho e a vontade de ver o Brasil em campo.