Valeu, Fred!

Às vezes o futebol proporciona momentos que parecem ser feitos por um roteirista de cinema. Foi assim na goleada do Fluminense contra o Corinthians, no último sábado, no Maracanã. Em seu penúltimo jogo com a camisa tricolor, diante de mais de 44 mil torcedores, Fred certamente viu um filme passar por sua cabeça. O gol que fechou o placar de 4 a 0, e que pode ter sido o último de tantos em sua carreira, fez com que o atacante comemorasse como se fosse um menino ao marcar seu primeiro gol no profissional.

Não é nenhum exagero ou fanatismo de torcedor afirmar que Fred é o maior ídolo da história do Fluminense. Mesmo dividindo protagonismo na galeria de craques do Tricolor das Laranjeiras, como Conca, Washington, Telê Santana, Rivelino e outros, a sintonia entre Fred e Fluminense é algo único. Em momentos distintos, Fred precisou do Fluminense e vice-versa. E o desfecho dessa conexão foi um sucesso em todas as vezes que se reencontraram.

Há mais de uma década, em uma das arrancadas mais impressionantes da história do Brasileirão, Fred foi o líder da equipe carioca na escapada contra um rebaixamento quase certo, em 2009. Na sequência, conquistou dois títulos brasileiros, em 2010 e 2012, sendo decisivo em ambos. Vivendo seu auge na carreira, foi contemplado com convocações para a Seleção Brasileira, para a conquista da Copa das Confederações, em 2013, e para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Porém, juntamente com todos que atuaram naquela seleção, o vexame no Mundial deixou uma cicatriz.

Em 2016 tomou uma decisão polêmica e até contestável em sua trajetória como jogador, quando foi para Minas e atuou pelos arquirrivais Atlético-MG e, posteriormente, Cruzeiro. Em seu retorno ao time celeste, onde já havia se destacado em 2005, não teve o mesmo brilho de antigamente, e, diferente de 2009, não conseguiu evitar o rebaixamento do time mineiro. Ao fim de sua passagem, acabou não agradando torcedores de nenhum dos dois times. Momento mais nebuloso de sua carreira.

Em 2020, contudo, veio sua redenção. Encerrar a carreira parecia ser o melhor a fazer, mas o Fluminense decidiu oferecer uma última dança ao maior atleta de sua história. Nada mais justo do que dar uma nova oportunidade a um dos grandes goleadores do Brasil. Segundo maior artilheiro da história do Brasileirão, maior artilheiro da história da Copa do Brasil, terceiro brasileiro com mais gols na história da Libertadores. No último sábado, atingiu a marca de 199 gols com a camisa bordô e verde. Restam mais 90 minutos. Em breve, um dos maiores atacantes de nosso futebol irá pendurar as chuteiras.

Imagem de capa: Marcelo Gonçalves | Fluminense

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