O bicampeonato do Palmeiras consolida o bom trabalho do técnico português em terras brasileiras
Quando Abel Ferreira assinou com o Palmeiras, muita gente dizia que se tratava se uma busca desesperada por um novo “Jorge Jesus”, que havia pouco antes transformado o Flamengo na potencia nacional, conquistando praticamente tudo que disputou. Bem, como havia dado certo no time carioca, talvez outro português pudesse fazer o mesmo no time paulista.
Assim, a escolha foi por Abel Ferreira, técnico jovem, que se destacava no futebol europeu. Estava no PAOK, da Grécia, quando foi contactado pelos dirigentes palmeirenses e, por pagamento de 600 mil de euros de multa, desembarcava em São Paulo.
Definição do técnico
Após a saída de Vanderlei Luxemburgo, o Palmeiras buscou por duas semanas um treinador que tivesse um “conceito” diferente, como disse Mauricio Galiotte, então presidente do clube:
Ou seja, o Palmeiras gostaria de contar com um comandante que propusesse uma filosofia duradoura, um trabalho com continuidade e buscasse levar o time às conquistas através disso.
Abel não foi a primeira opção. Miguel Ángel Ramírez espanhol que fazia bom trabalho no Independente del Valle, do Equador. Outros nomes foram avaliados, mas nenhum atingiu a expectativa da diretoria. Até que o nome do português apareceu.
Um pouco de Abel Ferreira
Abel Ferreira nasceu em Penafiel, no norte de Portugal, em 22 de dezembro de 1978. Começou no futebol atuando pelo time da cidade e se profissionalizou em 1997, aos 19 anos. Após isso, como lateral, atuou pelo Vitória de Guimarães, Braga e Sporting. Por conta de uma lesão no joelho, acabou por abandonar os gramados precocemente, aos 33 anos.
Seus melrões momentos como jogador foram pelo clube de Lisboa, quando conquistou títulos relevantes como a Taça de Portugal (2006/7 e 2007/8) e a Supertaça (2007 e 2008). Em 2008 também chegou a ser convocado para a Seleção de Portugal, quando Luiz Felipe Scolari era o treinador, mas não se firmou.
NO fim, Abel estava destinado a ser técnico, o que começou a fazê-lo na base do Sporting em 2011. Em 2015 foi para o Braga B e, dois anos depois, assumiu o time principal. No Braga teve uma de suas melhores épocas, com o clube batendo recordes de vitórias e gols no Campeonato Português. Abel recebia ali seus primeiros elogios da imprensa portuguesa.
Após duas temporadas, resolveu sair de Portugal e tentar a carreira na Grécia, ao ser contratado pelo PAOK, então o atual campeão nacional. Com Abel, o time ficou em 2º lugar no Campeonato Grego. Foi então que recebe o contato dos dirigentes do Palmeiras.
A Era Abel Ferreira
O estilo de Abel não é do futebol que dá espetáculo. Sua principal característica é a do futebol mais tático, buscado fortalecer a defesa, com marcação pesada, e depois uma saída no toque de bola. Varia bastante na forma de jogar, na tática do time. Muitas vezes isto acontece durante a partida, com alterações de função dos jogadores dentro de campo.
Foi assim que o Palmeiras conquistou duas Copas Libertadores da América e uma Copa do Brasil. Aproveitou a experiência de jogadores como Weverton, Marcos Rocha, Felipe Melo e Dudu durante o tempo que esteve no comando do time, mesclando com jogadores que despontavam (pelo menos a nível nacional) no futebol brasileiro, como Danilo e Raphael Veiga.
Até mesmo atletas contestáveis tiveram chance com Abel. O principal exemplo é o de Deyverson, que retribuiu esta confiança com o gol do Bicampeonato da Libertadores.
O perfil Abel
Abel é um estudioso do futebol. Por vezes vemos o seu estilo sendo alterado de acordo com o adversário. Foi assim que conseguiu mitigar o poder de times considerados favoritos, como River Plate, Atlético Mineiro ou Flamengo.
Outra face de Abel é a temperamental, que muitas vezes alcançam seus atletas. Chegou a ser expulso algumas vezes por não concordar com marcações da arbitragem durante as partidas.
Aliás, sua paixão em campo é reflexo da ausência da família ao seu lado. Quando aceitou treinar o Palmeiras, sua esposa e filhas continuaram em Portugal, e isto é algo que mexe com o treinador. Por muitas vezes ele diz que os funcionários do clube paulista são sua segunda família. A identificação do técnico, com torcida e clube é impressionante e merece ser exaltada.
O futuro do técnico
O treinador tem contrato com o Palmeiras até o final de 2022, mas com o prestígio de dois títulos da maior competição continental da América do Sul, associado ao bom trabalho no clube (terminará entre os três primeiros do Brasileirão) propostas não faltarão. Inclusive já rejeitou uma do mundo árabe. É possível que apareçam até mesmo algumas da Europa. Todavia, o desejo do técnico é permanecer. E este, sem dúvida é o que a torcida palmeirense mais deseja.