Futebol é um esporte jogado dentro das quatro linhas do campo, mas sua magnitude se estende a lugares que não temos dimensões. Positivamente e negativamente. Mas até que ponto pode-se usar o esporte para amenizar certas ações? Um jovem negro, brasileiro, 22 anos, foi exposto de maneira injusta para o mundo inteiro. Sofreu ataques da imprensa, foi criticado e virou capa de sites e jornais, como se fosse um criminoso. Mas qual crime tão grave ele cometeu? Apenas jogou seu futebol.
Foi assim com Vinicius Junior.
E por jogar futebol, disseram que ele deveria “parar de fazer macaquices”. Foi também ameaçado. Não pode mais comemorar dançando. Bom, pelo menos é o que pensam algumas pessoas na Espanha. Porque no Brasil, e em outros lugares no mundo, ele pode. Em 2022, discutir o que um homem negro deve ou não deve fazer, como ele tem que agir, não há mais espaço. Aliás, nunca deveria ter espaço.
Entre todas as mensagens de apoio que o atacante recebeu, as mais importantes foram tardias demais. Horas depois, o próprio clube do atleta se manifestou contra as atitudes do empresário Pedro Bravo. Mas se faltam apoio das instituições, o sobram de quem vive isso todos os dias. Pelé, o Rei do Futebol, soube driblar com as palavras e ser extremamente preciso no seu posicionamento. O eterno camisa 10 enfatizou a luta contra o racismo, o respeito, a busca pelo direito de sermos felizes.
Quem escreve essa crônica, mais do que ninguém sente o peso das palavras atribuídas a Vinícius Júnior. Entende a busca por tentar encontrar motivos que possam explicar por que a cor preta, o cabelo enrolado, o sorriso largo incomodam tanto. Talvez não existam palavras que expliquem esses questionamentos. O que se há, é a vontade de viver.