A adoção de mecânicas de jogo em plataformas de vendas online – algo que até pouco tempo era visto apenas como uma curiosidade – vem se firmando como estratégia relevante para o marketing esportivo. Em vez de simplesmente adquirir produtos oficiais de um clube, o torcedor compra créditos para “abrir” caixas virtuais, que podem conter itens licenciados exclusivos, passaportes VIP ou vivências especiais. Para especialistas, trata-se de um formato que amplia o relacionamento tradicional entre clube e fã, ao oferecer uma experiência mais imersiva e emocionante, em que cada “abertura de caixa” traz a sensação de participar de algo único.
Segundo observadores do mercado, a proposta desse tipo de e-commerce gamificado é gerar receitas adicionais sem comprometer outras frentes de arrecadação, como programas de fidelidade, venda de ingressos ou patrocínios regulares. A novidade beneficia uma cadeia que inclui licenciados, influenciadores e, sobretudo, o torcedor, que não apenas recebe um produto, mas vivencia uma experiência de marca diferenciada. Em algumas iniciativas, já se discute a expansão internacional do modelo, que aposta na união de esporte, entretenimento e engajamento para capturar novos públicos em clubes de diferentes países.

A tendência não se restringe ao futebol brasileiro. No exterior, plataformas baseadas em fan tokens ou colecionáveis digitais também investem em modelos de fidelização que combinam recompensas e interação, buscando uma conexão mais profunda entre marca e torcedor. Especialistas apontam que a forma de comercializar produtos esportivos está em transformação, redefinindo como o público se sente parte da história de um time ou modalidade.
A perspectiva de evolução no e-commerce gamificado inclui o aperfeiçoamento constante das mecânicas de jogo e, em alguns casos, a adoção de recursos de realidade aumentada. A ideia é tornar a experiência de compra cada vez mais lúdica e prazerosa, estimulando o torcedor a interagir e ser recompensado não apenas financeiramente, mas também pela vivência que o ato de “abrir a caixa” proporciona. Essa abordagem tem despertado o interesse de profissionais de marketing e publicidade, que veem no entretenimento e na experiência caminhos para alcançar públicos que não se envolvem com modelos tradicionais de propaganda.

No Brasil, uma das iniciativas que melhor ilustra esse movimento é o Box da Fiel, lançado pela Gamecomm para o Corinthians. Em pouco mais de dois meses, o projeto ultrapassou a marca de 120 mil caixas virtuais abertas, apontando o potencial de um modelo que combina consumo e diversão. Em vez de adquirir um item oficial de modo convencional, o torcedor compra créditos para abrir “caixas” virtuais, que podem conter produtos autografados, passaportes VIP ou experiências exclusivas na arena do clube.
“A ideia é levar ao torcedor uma experiência mais imersiva e emocionante, dando a ele a sensação de participar de algo único — não apenas comprar um produto, mas se conectar de forma ativa ao universo do time”, explica Nilton Bernini, CEO da Gamecomm.
Segundo o executivo, o Box da Fiel foi criado para gerar receitas adicionais sem competir com programas como sócio-torcedor ou bilheterias.
“Cada caixa vendida gera receitas para o clube, mas também movimenta uma cadeia que inclui licenciados, influenciadores e, claro, o torcedor, que leva um benefício real para casa”, ressalta Nilton Bernini.
Além de atender à torcida corintiana, o êxito da plataforma motivou discussões para levar o modelo a clubes de outras regiões e até de diferentes modalidades. “Há um interesse latente em projetos que sejam ao mesmo tempo sustentáveis financeiramente e empolgantes para o consumidor. Esse tipo de gamificação mostra que há espaço para inovação no esporte”, afirma Bernini.

Nesse contexto de mercado em transformação, a proposta de compra gamificada se alinha às tendências globais, em que marcas como Socios.com (fan tokens) e NBA Top Shot (colecionáveis digitais) também seguem caminhos semelhantes de fidelização. O objetivo é fortalecer a conexão com o público, agregando valor ao ato de consumir. “Estamos mudando a forma de comercializar produtos esportivos, mas principalmente redefinindo como o público participa da história do clube”, pontua Nilton Bernini.
Para os próximos anos, a Gamecomm vislumbra refinar continuamente a gamificação e adotar funcionalidades como realidade aumentada.
“Queremos que o processo de compra seja lúdico e prazeroso, em sintonia com a cultura do futebol, de forma que o torcedor seja recompensado não apenas financeiramente, mas também pela experiência que vive ao abrir cada caixa”, explica o executivo.
A expansão internacional já está no radar, com negociações envolvendo clubes na Europa, Ásia e América. Se essa tendência vai se consolidar definitivamente em âmbito global, ainda é cedo para afirmar, mas tudo indica que gamificação e futebol podem caminhar lado a lado rumo a um futuro em que o torcedor deixa de ser apenas um comprador eventual, tornando-se um participante engajado em uma vivência contínua — e cada caixa aberta confirma o potencial desse formato em gerar resultados, tanto em engajamento quanto em receita.
Via assessoria de imprensa