De tempos em tempos, os deuses do futebol presenteiam seus adoradores com heróis aqui na Terra. Podem ser chamados assim aqueles atletas que têm um talento acima do usual e detém grandes habilidades, seja velocidade, drible, chute, precisão, visão de jogo, dentre outros dons. Ao longo do tempo, alguns deixaram seus nomes registrados na história do futebol. Para nossa sorte, temos o privilégio de poder assistir um destes “sobrenaturais” ao vivo. Lionel Messi, ao levantar sua oitava bola de ouro, apenas comprova que é o puro sinônimo do futebol.
A trajetória de Messi pode inclusive ser associada à jornada de um herói. Afinal, nem tudo foi fácil para o craque argentino, hoje consolidado como um dos maiores, senão o maior atleta da história do futebol. Natural de Rosário, na Argentina, Leo nasceu em meio a uma família com dificuldades financeiras, e muito cedo foi diagnosticado com um problema de crescimento. Logo aos 13 anos, seu talento diferenciado foi descoberto por olheiros do Barcelona, que convenceram seus pais a levá-lo para a Espanha realizar um tratamento. A mais sábia decisão que os pais de Lionel tomaram.
O resultado da aposta feita por Messi e sua família nos encantou ano após ano. Por quase 20 anos, o craque argentino acumulou atuações de gala em solo europeu. Suas arrancadas, dribles, passes e gols extraordinários renderam ao pequeno gênio a alcunha de “extraterrestre”. Pelo Barça, foi protagonista um dos maiores times da história do futebol, e virou ídolo máximo, incontestavelmente. Infelizmente no PSG, clube para onde se transferiu após quase 2 décadas de Barcelona, não teve tanto sucesso. Após conquistar quase tudo, faltava apenas um troféu. E ele veio da forma mais merecida possível.
Até 2022, Messi já tinha quase tudo na carreira. Quase. Restava apenas uma taça. E era a mais importante de todas. Lionel ainda não havia conquistado a Copa do Mundo. E não ter conseguido levar sua seleção ao patamar mais alto do planeta fazia alguns questionarem se Leo realmente poderia ser colocado na mesma prateleira de Maradona, que levou os hermanos à glória em duas oportunidades, 1978 e 1986. O Mundial do Catar era então a última oportunidade de o maestro argentino carimbar sua carreira como a mais vitoriosa de todas. Dito e feito.
Se temiam que Messi ia sentir o peso da pressão e da responsabilidade, o argentino jogou sua última Copa do Mundo como se estivesse brincando com os amigos em um campinho de Rosário. Além dos sete gols marcados no Catar, o camisa 10 da Argentina conquistou o feito histórico de fazer gol em todas as partidas da fase eliminatória, o chamado mata-mata. No que para muitos foi considerada a maior final da história das Copas, marcou duas vezes. Aos 35 anos, ele derramou as últimas gotas de seu imensurável talento ao conduzir a albiceleste ao seu terceiro título mundial, 36 anos depois de Maradona. Apoteótico.
O sucesso no Mundial certamente foi fundamental para que o oitavo Ballon’dor chegasse até as mãos do argentino. E porque não seria? Foi assim com Ronaldo, em 2002, e Cannavaro em 2006. De toda forma, cá entre nós, mesmo se a Copa do Mundo não viesse, Lionel Messi é digno de quantas bolas de ouro forem possíveis. O melhor que qualquer pessoa nos últimos 50 anos viu jogar. A personificação do futebol. Craque, gênio, extraordinário. É um privilégio poder te ver jogar, Lionel Messi.