Desde que foi rebaixado para a série B, o torcedor cruzeirense nunca teve tantos motivos para acreditar que 2022 será finalmente o ano da volta do Cruzeiro à elite do futebol brasileiro. Ainda no final do ano passado, mais precisamente no dia 18 de dezembro, um acontecimento marcou o início de uma nova era no clube celeste. A compra, pelo ex-jogador Ronaldo Fenômeno, de 90% das ações da recém-criada SAF, foi o ponto de partida da reconstrução do time mineiro e, por enquanto, ares promissores rondam o ambiente cruzeirense.
Como novo dono do Cruzeiro, Ronaldo e sua equipe investiram em reforços para a temporada, entre atletas e técnico (o último havia sido Vanderlei Luxemburgo). A aposta da nova diretoria celeste foi em um treinador jovem e estrangeiro: Paulo Pezzolano, uruguaio de 39 anos com passagens por Liverpool-URU e Pachuca-MEX. Embora estivesse atuando como treinador há apenas 4 anos, a escolha do Cruzeiro passou pelos pontos levantados pelo clube como características necessárias para o novo técnico: um profissional que se encaixasse na realidade financeira do clube, fosse um nome da nova geração, que trabalhasse com as categorias de base e estivesse disposto a um projeto de longo prazo.
Em suas primeiras coletivas, Pezzolano foi muito claro quando perguntado sobre suas ideias de jogo. O uruguaio preza por um estilo de jogo intenso, agressivo e de posse de bola, características que, pouco a pouco, estão sendo assimiladas pelos seus atletas e já levaram o Cruzeiro a conquistar feitos que não eram atingidos há alguns anos. Em 2020 e 2021, por exemplo, a Raposa sequer chegou a disputar a final do Campeonato Mineiro. Sob o comando de Pezzolano, a equipe celeste fez jogos equilibrados contra o Atlético-MG, uma das melhores equipes do Brasil, mas a diferença técnica foi determinante para o rival se sagrar campeão.
Pela série B, torneio que é de fato a grande prioridade do Cruzeiro, nesta temporada, a estreia com derrota por 2 a 0 para o Bahia não comprometeu o trabalho do novo treinador ou da equipe. O revés diante dos baianos foi o único até aqui, e desde então a equipe celeste soma 4 vitórias e um empate, que o colocam pela primeira vez, após incríveis 82 rodadas na série B, na 2ª colocação da competição, feito que Luxemburgo e Felipão sequer chegaram perto. E o trabalho de Pezzolano ainda vai além. Dos 20 clubes da segunda divisão, o Cruzeiro lidera, com folga, estatísticas como posse de bola (média de 63,4%), passes trocados (2.126) e finalizações criadas (87) nessas 6 primeiras rodadas.
É claro que não é possível prever o que acontecerá com a Raposa daqui alguns meses. O futebol é imprevisível. Mas, se após o terceiro ano consecutivo, na série B do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro finalmente conseguir o tão sonhado acesso, sem sombra de dúvidas grande parte dessa conquista estará nas mãos de Paulo Pezzolano.