Ainda estamos em maio, mas as preparações para a tão aguardada Copa do Mundo, que ocorrerá no Catar, seguem a todo vapor. Há exatos 6 meses do início do torneio, em 21 de novembro, algumas seleções ainda brigam pelas últimas vagas em suas eliminatórias. Por outro lado, figuras importantes já foram definidas pela FIFA para participar da competição mais importante do planeta: os árbitros.
Dentre os 36 árbitros escolhidos para apitar no Mundial do Catar, dois serão brasileiros: o paulista Raphael Claus e o goiano Wilton Pereira Sampaio. Ambos, segundo a FIFA, são os mais capacitados para representar o Brasil como donos do apito na competição de elite. Juntamente com eles estarão cinco auxiliares também do Brasil. Neuza Inês Back, Bruno Boschillia, Rodrigo Figueiredo, Bruno Pires e Danilo Simon. Porém, se em campo teremos árbitros brasileiros, na cabine do VAR o Brasil será desfalque no Mundial.
A ausência de um árbitro de vídeo brasileiro na Copa não é exatamente uma surpresa. Embora tenhamos árbitros de campo capacitados, como Claus, Wilton, e até outros, como Anderson Daronco (para muitos, o principal candidato a apitar na Copa), a gestão do VAR no Brasil, por outro lado, sempre foi considerada falha e ineficiente em relação aos países da Europa, que também utilizam bastante a tecnologia. Desde que a ferramenta foi implantada nas competições brasileiras, entre 2017 e 2018, as críticas a respeito da demora das análises e da falta de critério e transparência nas marcações são constantes, ano após ano.
Desenvolvido para ser um recurso que auxiliasse na legitimação dos resultados e acabasse com os equívocos no futebol, não é bem assim que o VAR tem funcionado no Brasil. E algumas razões justificam isso. Primeiramente, a implantação do árbitro de vídeo foi feita de forma extremamente rápida no Brasil. Diferente da Premier League, aqui mal houve tempo de treinamento para os árbitros começarem a fazer uso dos equipamentos. Ademais, a cultura do futebol no Brasil, caracterizada por uma tolerância quase zero com o contato entre jogadores, faz com que o jogo seja interrompido muito mais, e o VAR, por sua vez, atue mais do que o recomendado pela FIFA.
Porém, a grande questão é: se a empresa que opera o VAR no Brasil é a mesma de outras competições importantes, como a Champions League, por exemplo, por que aqui a ferramenta não funciona bem como nos outros países? O problema é justamente aquele que a comanda. Os próprios árbitros brasileiros, moldados em um estilo de arbitragem totalmente diferente do que a UEFA e a FIFA recomendam, influenciam diretamente na dinâmica das partidas, que deveriam ter o mínimo de interrupções e, por consequência, interferência quase zero nos resultados.
A reflexão a se fazer com a ausência de brasileiros no VAR da Copa do Mundo do Catar é que o critério de arbitragem no Brasil precisa ser repensado pela CBF. Em nosso país, o árbitro de vídeo é utilizado na grande maioria das competições. Campeonatos estaduais, Copa do Brasil, Brasileirão, Supercopa do Brasil, e por aí vai. Portanto, para que não sejamos o país que mais utiliza do recurso, e, ao mesmo tempo, o que mais erra, mudanças devem ser tomadas.