Pela sexta vez na história das Copas do Mundo, a Argentina chega a uma final. A vitória incontestável diante da Croácia, por 3 a 0, carimba uma campanha de recuperação e adaptação de todo um grupo, comandado por Lionel Scaloni, fora de campo, e por Lionel Messi, dentro dele. Eram 28 anos amargados sem a seleção principal conquistar um título, até a Copa América de 2021. Venceram o Brasil na final, em pleno Maracanã, e no Mundial do Catar chegam com autoridade à final do torneio.
Relembrando como foi a campanha alvi-celeste até a final, onde irá enfrentar França ou Marrocos, os hermanos talvez tenham protagonizado a maior zebra da história das Copas, ao perderem de virada para a Arábia Saudita, por 2 a 1, na primeira rodada da fase de grupos. Um resultado que, fosse a Argentina de alguns anos atrás, traria um abalo emocional enorme. Dessa vez, o resultado negativo foi um combustível para o sangue argentino começar a ferver de vez na competição.
Na sequência, veio o México. Jogo duro, truncado, e um empate sem gols que praticamente decretava a eliminação argentina. Até que dos pés dele, veio o gol do desafogo. Messi, aos 20 do segundo tempo, de fora da área, abriu caminho para a vitória. O talentoso Enzo Fernandéz, de 20 anos, marcou um golaço no fim do jogo, decretando sua titularidade e a sobrevivência argentina no torneio. Contra a Polônia, os hermanos venceram sem dificuldades, mesmo com Messi errando pênalti. Aliás, numa defesa espetacular de Szczęsny. No segundo tempo, Mac Allister, outro que faz uma bela Copa, e Álvarez, mais um garoto promissor da futura geração argentina, deram números ao jogo: 2 a 0.
Com isso, vinham as oitavas de final, contra a Austrália. Pelo adversário, a expectativa era de um jogo tranquilo. Na prática, emoção até o último lance, literalmente. Messi, aos 35 do primeiro tempo, abriu o placar, em mais um dos seus incontáveis gols de perna esquerda, sem qualquer chance para o goleiro australiano. No início da etapa final, Álvarez fez o 2 a 0, contando com a colaboração do goleirão. Os australianos até conseguiram diminuir, num chute despretensioso, que desvia na zaga argentina e mata o goleiro Martinez. Aos 53 minutos, o arqueiro alvi-celeste faz uma defesa espetacular, que levaria os argentinos para a próxima fase.
No jogo de quartas de final, contra a Holanda, os argentinos foram, do êxtase, à beira da decepção. Atuação de gala de Messi, com uma assistência monumental para Molina marcar, e uma cobrança de pênalti, sem pudor, que deixou o goleiro holandês estático. Porém, a alegria se transformou em tensão, quando a seleção de Van Ghaal conseguiu diminuir, e empatar aos 100 minutos de jogo (não, não era prorrogação). No tempo extra, 0 a 0. Nas penalidades, os hermanos avançaram. Detalhe para o goleiro Emiliano Martinez, que vem fazendo uma Copa do Mundo brilhante.
A semifinal contra a Croácia, que eliminou o Brasil nos pênaltis, de maneira inacreditável, mostra o quanto a Argentina cresceu desde o início da competição. Destaque para o técnico Scaloni, que trocou peças, mudou o esquema a cada partida, e deu espaço para os que estavam melhor. Entendeu o que se pede uma Copa do Mundo, torneio de tiro curto. Argentina chegou à decisão merecidamente. E claro, que jogador é Lionel Messi! Aos 35 anos, faz a Copa da sua vida. Tecnicamente e psicologicamente vivendo seu auge com a camisa argentina. Se tornou o argentino com mais gols em mundiais, e vem com sangue nos olhos para coroar sua carreira com a única conquista que lhe falta. Aos que viram Messi jogar, apenas agradeçam. O melhor disparado de sua geração.